Popularmente conhecido como um fármaco diurético, e comumente prescrito para controle de edemas, a Hidroclorotiazida, é uma medicação de uso oral, bem tolerada, pertencente à lista de medicamentos essenciais da OMS (Organização Mundial de Saúde) e disponível no sistema único de saúde (SUS). Segundo as atuais guidelines internacionais baseadas em resultados de eficácia e segurança, além de ser associado ao seu baixo custo, fator importante para continuidade de um tratamento crônico, esta medicação é adotada como 1ª linha para o controle da hipertensão arterial.
Quer seja seu uso isolado (monoterapia) ou associado à outros fármacos anti-hipertensivos, a Hidroclorotiazida pode ainda ser utilizada no tratamento de edemas associados a insuficiência cardíaca congestiva (ICC), cirrose hepática, na terapia por corticosteroides ou estrógeno e também é destinada ao tratamento da diabetes insípida, acidose tubular renal e para redução do risco de pedras nos rins em pessoas com elevada concentração de cálcio na urina. Outra importante característica, é sua eficácia no edema relacionado à várias formas de disfunção renal, como síndrome nefrótica, glomerulonefrite aguda e insuficiência renal crônica.
Em se tratando de um diurético pertencente à classe dos tiazínicos, seu mecanismo de ação reduz a capacidade dos rins em reter água, isso porque age inibindo a reabsorção de cloreto de sódio nos segmentos iniciais do túbulo distal não interferindo na concentração urinária. Apesar de promover uma diurese menor que a furosemida, possui um efeito que dura até 12 horas, e a perda de sódio e água acaba sendo constante ao longo do dia.
Antes de administrar qualquer medicamento por conta própria, procure orientação de um médico, farmacêutico ou outro profissional da saúde.
O conteúdo desta página é fornecido apenas para fins informativos, lembrando que este artigo têm como objetivo simplificar as informações disponibilizadas em bula, e não substituição da mesma.
Para que é indicada a Hidroclorotiazida?
É indicada para o tratamento da pressão arterial alta e no tratamento de edemas (inchaços) causados por insuficiência cardíaca, cirrose hepática, tratamento com corticoides ou remédios hormonais. Pode-se utilizar também em algumas formas de disfunção renal como síndrome nefrótica, glomerulonefrite aguda ou insuficiência renal crônica, em adultos ou crianças.
Qual o efeito esperado?
Após iniciar o tratamento, a redução da pressão arterial costuma ocorrer após cerca de 1 semana, mas o efeito hipotensor máximo pode ser alcançado após 12 semanas de uso. Essa redução nos valores da pressão arterial costuma estar associada a uma redução no volume de água corporal, onde no geral, o paciente elimina de 1 a 1,5 kg de água após o início do tratamento.
Além disto, a Hidroclorotiazida possui o efeito de diminuir a eliminação urinária de cálcio, onde este resultado pode ser benéfico aos pacientes que apresentam histórico de cálculo renal composto por cálcio, já que a diminuição do cálcio na urina diminui o risco de formação de novas pedras.
Em pacientes hipertensos que também apresentam como comorbidade a osteosporose, é uma excelente escolha pois minimiza a perda urinária de cálcio e reduz a perda óssea resultando na diminuição de risco de fratura nos idosos tratados com a medicação.
Como a Hidroclorotiazida age?
O início de ação da Hidroclorotiazida ocorre 2 horas após sua administração, sendo que o efeito máximo é alcançado após cerca de 4 horas, e persiste por aproximadamente de 6 a 12 horas. Age diretamente sobre os rins aumentando a excreção de cloreto de sódio, pois sempre que a quantidade de sódio urinário aumenta, o rim precisa eliminar mais água para diluí-lo. O resultado, portanto, é um aumento da quantidade de água corporal eliminada pela urina. Rapidamente absorvida pelo trato gastrintestinal, sua ingestão concomitante com alimentos aumenta sua absorção.
Os diuréticos tiazídicos, classe pertencente à Hidroclorotiazida, promovem uma diurese menor que fármacos de outras classes, porém, por terem um efeito que dura até 12 horas, a perda de sódio e água acaba sendo mais constante ao longo do dia.
Nos pacientes com resposta inadequada, uma restrição ao consumo de sal na dieta e a associação com um anti-hipertensivo da classe dos inibidores da ECA costumam ser bastante eficazes, por isso é importante se atentar ao consumo exagerado de sódio (sal) na dieta, pois com isto pode impedir que o paciente alcance o resultado esperado e acaba por ser uma das causas mais comuns de falta de eficácia da hidroclorotiazida.
Quais as contraindicações, riscos e precauções?
A Hidroclorotiazida é contraindicada para os pacientes que apresentam:
- Hipersensibilidade (alergia) à hidroclorotiazida ou a qualquer um dos excipientes;
- Comprometimento grave da função renal (depuração da creatinina abaixo de 30 mL/min);
- Distúrbio hepático (do fígado) grave;
- Icterícia em crianças;
- Distúrbio grave do equilíbrio de eletrólitos (equilíbrio de líquidos no corpo);
- Anúria (ausência de formação de urina).
O diurético também não deve ser administrado em pacientes desidratados ou hipotensos, e nos casos de pacientes com histórico de gota, diabetes mellitus ou colesterol elevado, a dose máxima de hidroclorotiazida deve ser de 25 mg por dia.
Nos casos de gravidez e amamentação, a medicação não deve ser utilizada para tratar os edemas naturais da gravidez e só deve ser administrado após orientação médica, pois o uso do medicamento nesses períodos necessita de cuidados especiais. Assim, é importante informar imediatamente ao médico se houver suspeita de gravidez, durante ou após o uso da medicação. Informe também ao médico caso esteja amamentando.
A importância com os cuidados de pacientes idosos é igualmente necessária, pois são mais sensíveis aos medicamentos, em especial aos diuréticos. Sendo assim, devem ser cuidadosamente acompanhados.
Pacientes com maior risco de câncer de pele, ou seja, aqueles com pele clara e olhos claros e com história de alta exposição ultravioleta devem ser examinados rotineiramente por um especialista para o diagnóstico precoce de neoplasias malignas da pele, especialmente se forem usuários de hidroclorotiazida. Em 2009, alguns estudos começaram a aventar a possibilidade da hidroclorotiazida aumentar o risco de câncer da pele, mas somente em meados de 2017, esta associação se tornou mais clara quando foi relacionado o uso a longo prazo da hidroclorotiazida. O maior impacto no assunto, veio com o estudo publicado em abril de 2018 no Jornal da Academia Americana de Dermatologia, onde um grupo de pesquisadores norte-americanos mostrou que o uso de hidroclorotiazida aumenta o risco de câncer de pele não-melanoma e que esta associação é dose-dependente. Mas como resultado, são necessários mais estudos e pesquisas para que seja possível orientar os pacientes quanto ao uso a longo prazo de hidroclorotiazida e o real aumento de risco de câncer da pele, por isso o acompanhamento junto ao médico é fundamental.
Este medicamento pode causar doping.
Quais os efeitos colaterais causados pelo uso da Hidroclorotiazida?
A maior parte dos efeitos colaterais da Hidroclorotiazida surge quando um ou ambos efeitos acabam sendo mais intensos que o desejado, provocando:
- Hipotensão arterial;
- Desidratação;
- Câimbras;
- Fraqueza;
- Hipocalemia (baixa concentração de potássio no sangue);
- Hiponatremia (baixa concentração de sódio no sangue);
- Hipomagnesemia (baixa concentração de magnésio no sangue);
- Hiperuricemia (elevação da concentração de ácido úrico no sangue);
- Hipercalcemia (elevação da concentração de cálcio no sangue);
- Hiperglicemia (elevação da concentração de glicose no sangue);
- Elevação do colesterol;
- Impotência sexual;
- Náuseas;
- Distúrbios do sono.
Doses elevadas de diuréticos podem provocar insuficiência renal ou agravar um quadro de insuficiência renal já existente, principalmente nos pacientes idosos.
Os efeitos colaterais são mais comuns quando usadas doses acima de 25 mg/dia.
Qual dosagem devo administrar?
A terapia com a Hidroclorotiazida deve ser individualizada de acordo com a resposta de cada paciente, e ajustada conforme resposta terapêutica, obtendo assim resultado satisfatório do tratamento.
As doses médias prescritas de hidroclorotiazida baseiam-se na idade e peso do paciente, bem como na condição para o qual ela está sendo tratada. As informações à seguir apresentam protocolo usual e tem o intuito apenas informativo, por isso, sempre consulte seu médico para o seguimento correto de seu tratamento (forma de administração da medicação, horário, dose, quantidade e duração).
Uso adulto
Hipertensão
Dose inicial 50 a 100mg/dia pela manhã, ou em doses fracionadas. Após 1 semana, ajustar a posologia conforme prescrição médica até conseguir a resposta terapêutica desejada sobre a pressão sanguínea. Quando a Hidroclorotiazida é usada com outro agente anti-hipertensivo, a dose deste último deve ser reduzida para prevenir a queda excessiva da pressão arterial.
Edema
Dose inicial de 50 a 100 mg uma ou duas vezes ao dia, até obter o peso seco do paciente.
Dose de manutenção: a dose de manutenção varia de 25 a 200 mg por dia ou em dias alternados, de acordo com a resposta do paciente. Com a terapia intermitente, é menor a probabilidade de ocorrência de distúrbios hidroeletrolíticos.
Lactentes e Crianças
- Até 2 anos de idade a dose diária total deve ser de 12,5 a 25 mg administradas em duas tomadas.
- De 2 a 12 anos de idade, a dose deve ser de 25 a 100 mg, administrada em duas tomadas.
- A dose pediátrica diária usual deve ser baseada em 2 a 3 mg/kg de peso corporal, ou a critério médico, dividida em duas tomadas.
Não há estudos comprovados dos efeitos de Hidroclorotiazida administrado por vias não recomendadas, portanto, para segurança e garantia da eficácia deste medicamento, a administração deve ser somente por via oral.
Não interrompa o tratamento sem o conhecimento de seu médico.
A Hidroclorotiazida emagrece? Mito ou verdade?
Mito. No início do tratamento, o paciente pode notar uma perda de cerca de 1 kg no seu peso, que é devido única e exclusivamente a uma maior perda de água pela urina, mas não existe estudos científicos comprovados de que a hidroclorotiazida cause emagrecimento, uma vez que a mesma não têm efeito algum sobre a gordura corporal.
Se o paciente, porém, tiver uma dieta rica em sal, essa perda de peso inicial pode não ocorrer.
Quais as possíveis interações medicamentosas?
A hidroclorotiazida, assim como outras tiazidas, pode aumentar ou potencializar a ação de outros fármacos antihipertensivos. Pode, também, interferir sobre as necessidades de insulina (hormônio usado para controlar o diabetes) nos pacientes diabéticos e reduzir o efeito de hipoglicemiantes orais (medicamentos antidiabéticos, que reduzem os níveis de glicose no sangue). Se houver diabetes latente (episódio de diabetes por ocasião de alguma outra manisfestação), ela pode se manifestar durante o tratamento com os tiazídicos. As tiazidas podem aumentar a resposta à d-tubocurarina (substância utilizada como relaxante muscular). Em alguns pacientes a administração de agentes anti- inflamatórios não esteroidais pode reduzir os efeitos diuréticos, natriuréticos (substâncias químicas que regulam o equilibrio de líquidos no corpo) e anti- hipertensivos das tiazidas. Portanto, quando a hidroclorotiazida e agentes anti- inflamatórios não esteroidais são utilizados juntos, o médico deverá observar atentamente se o efeito desejável do diurético foi obtido.
As tiazidas podem diminuir os níveis séricos de iodo conjugado à proteína, sem sinais de distúrbios da tireóide, quando o paciente é exposto à exames laboratorias. Deve-se suspender a administração de hidroclorotiazida antes de se realizarem testes de função da paratireoide onde o médico irá lhe orientar como proceder nessa situação.
Como interromper o uso?
Não interrompa ou suspenda seu tratamento sem o conhecimento e prévia autorização de seu médico, pois uma das principais comorbidades (doença) que o medicamento trata são relacionados à hipertensão arterial, que é um fator de risco cardiovascular, e interromper o uso subitamente pode resultar em eventos cardiovasculares graves, como infarto, AVC ou problemas renais. Juntamente com o paciente, o médico saberá avaliar os riscos e benefícios de continuar, ajustar, trocar ou suspender a medicação.
Quais são os nomes comerciais da Hidroclorotiazida?
A hidroclorotiazida é um fármaco descoberto em 1958 e presente no mercado desde 1959, sendo facilmente encontrado sob a forma de medicamento genérico nas dosagens de 25 ou 50 mg.
Entre os nomes comerciais mais conhecidos, podemos citar:
- Clorana;
- Clorizin;
- Diureclor;
- Diuretic;
- Diurezin;
- Diurix;
- Drenol;
- Hidroflux;
- Hidroless;
- Hidromed;
- Neo Hidroclor;
- Oltana H.
Em Portugal, a hidroclorotiazida é comercializada somente em associação com outros fármacos
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